sábado, 5 de julho de 2014

Curiosidades - Porque razão os árbitros veem melhor que os assistentes?

"O Olho em Ação: da Perceção ao Treino de Decisão", estudo em curso na Universidade do Minho, conclui que os árbitros da I Liga portuguesa têm bons níveis de desempenho visual, em média melhores do que os revelados pelos seus assistentes.





Após testar a visão e efetuar um levantamento das necessidades sentidas por todos os árbitros de primeira categoria e a 50% dos auxiliares, os investigadores da projeto "Olhos em Ação" concluíram que os árbitros "têm genericamente bons níveis de desempenho visual, embora, curiosamente, os árbitros principais tenham revelado, em média, melhores desempenhos do que os assistentes".
Embora reconheça que ainda é cedo para tirar conclusões definitivas da amostra recolhida no último ano e meio, António Batista avança para já uma possível explicação para a maior fiabilidade visual dos árbitros de campo: "Eventualmente a visão poderá ter sido um fator diferenciador para, após um percurso de iniciação comum e em situação concorrencial, terem chegado a árbitros principais".
O coordenador da investigação refere que, hoje, "é claro o papel fundamental da visão no desempenho da arbitragem ao mais alto nível, quando estão em causa cerca de 200 decisões por jogo, muitas em situação de grande rapidez e com obstáculos pelo meio".

O dilema de olhar sem ver
Para António Baptista, os erros de arbitragem ocorrem em alguns casos devido às próprias limitações humanas, noutras porque o olhar de quem decide pode estar tão focado que lhe inibe a perceção periférico com que acontece em redor, ou ainda porque o estímulo, ou seja, o incidente desenrola-se a tal rapidez que quem tem de decidir não perceciona, num limite ínfimo de tempo, a informação transmitida pelo olhar.
"É o dilema de estar a olhar, mas não a percecionar o que realmente acontece", refere o investigador, que lembra a expressão "olhar sem estar a ver".
Nuno Catarino, especialista em gestão desportiva e outro dos investigadores envolvidos no estudo, defende que da mesma forma que os atletas de topo treinam para um desempenho de excelência, o mesmo deve acontecer com os árbitros.
Tanto Catarino como António Baptista acreditam que a visão "é treinável", o que já acontece, por exemplo, com os árbitros assistentes na sinalização de fora-de-jogo. "Está cientificamente provado que existe um flash lag visual na análise de um corpo em movimento. Ou seja, a perceção que se tem é que o corpo em movimento estará um metro à frente, razão pela qual tem de ter em conta este artifício visual quando sinaliza o fora-de-jogo", diz António Batista.
Com o estudo ainda a meio, a equipa de investigadores do departamento de Física da Universidade do Minho calcula que numa terceira fase, a colocar em marcha até 2016, seja possível criar metodologias e treinos para otimizar as capacidades visuais dos árbitros.
Fonte: Expresso


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